quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Um Natal Diferente...

Algum tempo atrás uma amiga me procurou para pedir ajuda para uma campanha de Natal que ela e o namorado pretendiam fazer. O objetivo é levar presentes a crianças carentes que sonham em ganhar alguma coisa nesse dia, que é tão especial para todo mundo. Eu e o Gui entramos na equipe. Enviamos e-mails para nossos amigos, que enviaram para outros amigos, e o grupo foi crescendo e a idéia da campanha tomando forma e ficando cada vez mais concreta.

Hoje temos uma equipe formada por, aproximadamente 10 pessoas, fora os que contribuiram com doações, e outros que também estarão presentes no dia da entrega. Hoje contabilizamos um total de 5 pacotes de doce + 186 presentes , mas outros serão recebidos até amanhã. A entrega será no dia 25 pela manhã em uma comunidade carente da nossa região.

O curioso é que parte do grupo não se conhece, nem nunca se viu. E estamos todos engajados nessa campanha como um grupo unido. Não há um líder para tudo isso, apenas um grupo de pessoas tentando mudar um pouquinho o Natal dessas crianças.

É a primeira vez que participo de uma campanha meio doida como essa... E para mim a única explicação para todas essas bênçãos que estão acontecendo é a união em Cristo. Hoje, com essa campanha é possível entender o que é ser cristão na prática. Não é estar dentro de uma igreja cantando corinhos bonitinhos e ouvir o pastor pregar. isso não é o que Jesus ensinou. É estar fora dela, nos lugares mais difíceis e obscuros, oferecendo parte daquilo que você tem em amor ao próximo, e se unindo com pessoas que você só vai conhecer no dia, mas que fazem parte da mesma equipe, porque há uma causa e um Amor Maior que nos une.

Postado por: Aline Nunes - nova colaboradora do blog.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Cigarra ou formiga?


Recebi um daqueles e-mails com apresentações de power point, com os quais não costumo perder tempo, mas esse me chamou a atenção. Era da estória da cigarra e da formiguinha... Quem não se lembra dessa estória? Eu acho que me interessei pela apresentação porque me fez lembrar da minha época de criança (há muuuuito tempo atrás), quando eu encenei um teatrinho desse conto em uma escola infantil (gospel, rsrsrs...).

Mas o que me chamou a atenção, tirando o fato de que o autor trocou a cigarra por um gafanhoto (de propósito ou não...), é que os slides apresentavam uma versão brasileira da estória: a formiga trabalha e acumula os frutos desse trabalho enquanto o gafanhoto(?) fica lá na vida boa, na roda de samba, tomando uma cerveja com os amigos... Depois, vem o frio e a formiga que trabalhou, fica tranquila! O gafanhoto que não trabalhou, começa a passar necessidade, chama a imprensa, faz cara de coitado na frente da casa da formiga... Bom, pra encurtar, a formiga passa a ser processada porque vivia em propriedade improdutiva e o gafanhoto e seu bando ganham o direito (concedido pelo governo) de viver na propriedade da formiga... e por aí vai...

O que mais me impressionou foi a maneira que o autor utilizou para fazer o leitor (ou quem assiste os slides) chegar a conclusão de que a formiga que trabalhou merecia ser bem-sucedida e não foi... Já o gafanhoto, que deveria mesmo é se ferrar, já que não trabalhava, se deu bem! A comparação pretendida é de uma espécie de divisão de classe: o rico que deu duro pra ter o que tem, e o pobre que não quer saber de trabalhar e por isso ficou pobre e continuará pobre.

Fiquei pensando: tudo bem que o camarada que trabalha tem direito de desfrutar do que conseguiu, mas o que a estória ensina é: dane-se quem não tem... o problema não é meu!!! Se o pobre não quer trabalhar, vai continuar pobre! Só é pobre porque quer, ou melhor, porque não quer (trabalhar).

Nesse último final de semana fui ao Usina 21, espaço onde os participantes puderam pensar um pouco na transformação social que a igreja não causa atualmente, apesar de sermos, no Brasil, cerca de 20% da população... Então lembrei: desde criança, na escola (gospel) que frequentava, eu fui ensinado a pensar: "devo trabalhar e me fartar com o fruto do meu trabalho, quem não quer se esforçar, que se dane..."

Fiquei preocupado! O que será que temos ensinado pra nova geração que frequenta os templos evangélicos? Justiça social? Ou individualismo e egoísmo? É muito louco pensar nessas coisas, porque os valores que vão povoar a mente  dos jovens de hoje estão aí, sendo propagado nas letras das músicas, nas peças de teatro, nos púlpitos, nos canais de TV... Assim como a estorinha da formiga e da cigarra... Sutil... (e as vezes não tão sutil). O resultado está aí: um bando de crente que não faz mais nada a não ser acumular dinheiro e acumular bens...

Me bateu uma tristeza ao conversar com um amigo que está se formando no seminário e que irá servir a uma igrejinha no Nordeste, pra lá de onde Judas perdeu o que lhe sobrava... Não fiquei triste porque ele vai, mas fiquei por saber que ele vai ser pobre! E vai trabalhar! Mas vai ser pobre... Pelo simples fato de que a igreja acumula a riqueza aqui no Sudeste e não distribui lá pro Nordeste! Pois é... Dane-se o pobre!

Maranata!!! Não vamos aguentar por muito tempo Jesus!!!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Em primeiro lugar


Vamos pensar um pouco?

Em algumas conversas minhas rolando por aí surgiu um velho e conhecido jargão "gospel":

"-Devemos colocar Deus em primeiro lugar!"

Aí eu fiquei pensando: Será mesmo isso possível? Não pergunto se é possível colocá-lo em primeiro lugar, mas movê-lo para qualquer lugar que seja... Nisso, dá pra pensar em mais coisas do tipo: será mesmo que ele só age, ou melhor, REage de acordo com meus caprichos e vontades?  Se eu decidir colocá-lo em primeiro, ele fica lá! Se eu quiser que ele seja o segundo, não tem problema, ele obedece e vai!

Será então que ele se sente ofendido porque eu escrevi "ele" e não "Ele"? Será mesmo que é possível eu diminuir qualquer coisa em Deus pelo simples fato de me referir a ele usando letra minúscula?

Que loucura isso... Mas é impressionante a quantidade de porcaria que está escondida em jargões como esse. Nesse aí eu creio que a maior porcaria é a da manipulação de um deus apático, sem personalidade e talvez até morto! É isso mesmo! Essa frasezinha inofensiva cria a idéia de que Deus é um zé-ninguém, coitadinho, levado para lá e para cá ao sabor do vento que eu sopro...

Francamente! Eu sei que não consigo fazer isso... Pelo simples fato de que ele é vivo! Vive, tem sua opinião e personalidade formadas! Quanta prepotência a minha de pensar que posso decidir que a partir de tal data, Deus é o segundo na minha vida! E pronto!

Pois é... Mesmo que eu resolva entulhar a minha vida de coisas e pessoas e tentar colocá-las em primeiro lugar, e deixar Deus lá por último, será mesmo que o que vai acontecer é que ele vai ficar lá, coitadinho, triste, fazendo "beicinho" de choro porque eu o coloquei lá?

Atualmente estou aprendendo a viver e me relacionar com o pai que é amor e um amor tão grande que é impossível resistir! Se houver ser humano nesse mundo que consiga resistir ao amor do pai, apresente-se por favor!!!

Mas pensando só mais um pouquinho, talvez a grande preocupação do autor (se é que houve um) do jargão era colocar a igreja em primeiro ou segundo lugar... Isso sim é possível! A igreja instituição é passível de ser ou não prioridade em nossas vidas. Disso decorre uma outra porcaria desses jargões "góspeis": confundir Deus com a igreja instituida. Isso sim é uma grande porcaria!!!

Abraços...

domingo, 13 de setembro de 2009

Lepra (hanseníase)

Meditação...

Jesus cura um leproso...

Quando li o texto fiquei pasmo...

Um leproso, se aproximou, adorou a Jesus, se colocou de joelhos e disse: “Senhor, se você quiser, sei que pode me purificar!” Jesus estendeu a mão e tocou no homem e então disse: “Eu quero! Seja purificado!” Aí, por algum motivo, Jesus fala para o homem não dizer nada a ninguém e ir mostrar-se ao sacerdote, cumprindo os requisitos da lei de Moisés, servindo de testemunho.

Bom, eu não sei porque Jesus pede para ele não contar nada pra ninguém, nem quis tentar adivinhar o porquê. Prefiro o que está realmente escrito... O que passar disso é só “chutômetro”, teo-logia, ciência...

O que mais me surpreendeu mesmo foi o fato de Jesus quebrar códigos de conduta com as atitudes, e mais, o autor do texto fazer questão de inserir isso na descrição da cena! Parece imprensa revolucionária em época de ditadura... Tentando polemizar... Rsrsrs...

Jesus tocou! Isso é um insulto ao bom senso da época! É algo como tocar em algum tipo de pessoa que nossa sociedade rotula como lixo (produzido pela própria sociedade, é importante destacar!). É impressionante, mas o coitadinho, marginalizado, marcado para ser um lixo até o dia de morrer, resolve lutar contra seus medos (de ser rejeitado, por exemplo) e se aproximar de alguém. Ah, é importante lembrar que Jesus vinha descendo do monte (onde fez o sermão... do monte...) e tinha muita gente em volta dele. Corajoso o rapaz ao se aproximar de Jesus!

Bom, aí Jesus põe em prática o que veio fazer: amar! Simples assim!

Não tem teoria, não tem disputa conceitual, não tem discussão sobre causas e efeitos, não tem previsibilidade (ou tem? Não estou bem certo...), só tem amor. Não movido por uma obrigação moral e ética, nem pra aparecer pra ninguém. Não havia um programa ou estratégia de alcance aos leprosos... Foi simples e intenso: Jesus estendeu a mão e tocou! Um tocando outro...

Eu não compreendo bem (nem tenho a presunção de) a profundidade desse ato. Só que eu sinto isso a cada dia! Um Pai que estende a mão e toca onde ninguém quer tocar...

Agora, o que é mais animador é que Jesus está vivo... Isso não é historinha do passado, registrado num livro pra deixar a gente com sentimento de saudosismo... Está vivo e faz o mesmo, pelo Espírito que opera nos que são Dele!

Abraços...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Você Sabia?

Você sabia que foi apenas no ano 190 d.C. que a palavra grega ekklesia, que traduzimos como igreja, foi pela primeira vez utilizada para se referir a um lugar de reuniões dos cristãos? Sabia também que esse lugar de reuniões era uma casa, e não um templo, já que os templos cristãos surgiram apenas no século IV, após a conversão de Constantino?

Você sabia que os cristãos não chamavam seus lugares de reuniões de templos até pelo menos o século V? Você sabia que o primeiro templo cristão começou a ser construído por Constantino, sob influência de sua mãe Helena, em 327 d.C., às custas de recursos públicos, e sua arquitetura seguia o modelo das basílicas, as sedes governamentais da Grécia e, posteriormente, de Roma, e dos templos pagãos da Síria?

Você sabia que as basílicas cristãs foram construídas com uma plataforma elevada acima do nível da congregação e que no centro da plataforma figurava o altar, e à sua frente a cadeira do Bispo, que era chamada de cátedra? Você sabia que o termo ex cathedra significa “desde o trono”, numa alusão ao trono do juiz romano, e, por conseguinte, era o lugar mais privilegiado e honroso do templo?

Você sabia que o Bispo pregava sentado, ex cathedra, numa posição em que o sol resplandecia em sua face enquanto ele falava à congregação, pois Constantino, mesmo após a sua conversão ao Cristianismo, jamais deixou de ser um adorador do deus sol? Você sabia que o atual modelo hierárquico do Cristianismo, que distingue clero e laicato, teve origem e ou foi profundamente afetado pela arquitetura original dos templos do período Constantino?

Você sabia que Jesus não fundou o Cristianismo, e que o que chamamos hoje de Cristianismo é uma construção religiosa humana, feita pelos seguidores de Jesus ao longo de mais de dois mil anos de história? Você sabia que o que chamamos hoje de Cristianismo está profundamente afetado por pelo menos três grandes eras: a era de Constantino, a era da Reforma Protestante e a era dos Avivamentos na Inglaterra e nos Estados Unidos? Você sabia que é praticamente impossível saber a distância que existe entre o que Jesus tinha em mente quando declarou que edificaria a sua ekklesia e o que temos hoje como Cristianismo Católico Romano, Protestante, Ortodoxo, Pentecostal, Neopentecostal e Pseudopentecostal?

Você sabia que os primeiros cristãos se preocuparam em relatar as intenções originais de Jesus com vistas a estender seu movimento até os confins da terra? Você sabia que este relato está registrado no Novo Testamento, mais precisamente nos Evangelhos e no livro de Atos dos Apóstolos? Você sabia que o terceiro evangelho, Evangelho Segundo Lucas, e o livro dos Atos deveriam formar no princípio uma só obra, que hoje chamaríamos de “História das origens cristãs”? Você sabia que os livros foram separados quando os cristãos desejaram possuir os quatro evangelhos num mesmo códice, e que isso aconteceu por volta de 150 d.C.? Você sabia que o título “Atos dos Apóstolos” surgiu nessa época, segundo costume da literatura helenística, que já possuía entre outros os “Atos de Anibal” e os “Atos de Alexandre”?

Nesse emaranhado de coisas que eu não sabia, três coisas eu sei. A primeira é que a crítica que o mundo secular faz ao Cristianismo institucional tem sérios fundamentos, ou como disse Tony Campolo: “Os inimigos estão parcialmente certos”. A segunda coisa que sei é que nesta Babel que vem se tornando o movimento evangélico brasileiro, está cada vez mais difícil identificar a essência do Evangelho de Jesus Cristo, nosso Senhor. A terceira coisa que sei é que vale a pena perguntar aos primeiros cristãos o que eles entenderam a respeito de Jesus, sua mensagem, sua proposta de vida e suas intenções originais. Vale a pena voltar à Bíblia. Não há outra fonte segura de informação e formação espiritual, senão a Bíblia Sagrada, especialmente o Novo Testamento.

Ed René Kivitz